DESPORTO

António Ramalho Boxing Spirit: “um clube de oportunidades”

Para ajudar os mais desfavorecidos e incluí-los na sociedade, António Ramalho transformou o seu clube de boxe numa Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS).

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Da paixão pelo boxe nasceu, em 2015, a António Ramalho Boxing Spirit, um clube em que o objetivo é, mais do que formar atletas, “formar pessoas”. À conversa com a TejoMag, o fundador António Ramalho, que dá nome a este projeto, conta como é que  transcendeu as cordas do ringue. 

Treinador e desportista, motivado pela vontade de proporcionar mais do que o treino de boxe, transformou o clube numa Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS). “Sentia que podia dar e fazer mais”, explica. 

Da formação ao apoio social 

Ao olhar para o desporto como uma ferramenta de inclusão social, decidiu criar um Centro de Apoio ao Estudo (CAE) para crianças e jovens. Para ensinar que “o desporto e  os estudos se complementam”, é necessário praticar boxe no clube para frequentar o CAE. Alguns dos jovens têm a oportunidade de viajar através do programa de ERASMUS, ao qual a António Ramalho Boxing Spirit se costuma candidatar. 

Os adultos também não ficam de fora, não fosse esta uma instituição inclusiva. Para eles, existe um projeto sénior que abrange desde o boxe até ao desenvolvimento de competências digitais e profissionais. Aqui aprendem, por exemplo, a utilizar a internet, a preparar o seu currículo e têm também ajuda na procura de emprego. “O nosso trabalho é dar oportunidade àqueles que estão mais desprotegidos, sejam eles crianças, jovens ou adultos. São pessoas que, por vezes, não têm um grande núcleo de amigos, não têm quem lhes dê atenção e quem fale com eles. A nossa escola quer inserir na sociedade todas as pessoas que a procuram”. 

“Somos uma pequena escola e um clube de oportunidades”. 

Os valores e a inclusão social

Assente em princípios como o respeito, a honestidade, a coragem, a disciplina, a cooperação, a igualdade e o fair play, a António Ramalho Boxing Spirit garante que “não foge à aplicação dos valores”. O fundador do clube destaca a relevância de se ensinar a  aceitar a derrota e de se transmitir que “com ela também se aprende”. 

“Somos certificados com a Bandeira da Ética pelo Plano Nacional de Ética no Desporto (PNED), no âmbito da promoção dos valores éticos através da prática desportiva”. 

A instituição dedica-se, ainda, ao combate do bullying, à promoção da autoconfiança e do bem-estar dos seus membros. Nesta “escola”, como gosta de lhe chamar António, são abordados temas como o medo, a segurança e a vulnerabilidade. Ensina-se, sobretudo, “o quão importante é sermos melhores uns para os outros”. 

Desafios e planos para o futuro 

A mudança para uma IPSS não esteve isenta de desafios, especialmente no que diz respeito à obtenção de apoio financeiro. A Câmara Municipal de Oeiras é uma das  parceiras deste projeto. “Acompanhou o seu desenvolvimento, apoia-o e ajuda a que vá para a frente”, explica António.

Também a Auchan patrocina o clube, fornecendo, por exemplo, frutas e leite, que são distribuídos nos lanches das crianças e jovens. A ajuda pode chegar de diversas formas, seja através de donativos, voluntariado ou apadrinhamento de membros da António Ramalho Boxing Spirit. 

Olhando para o futuro, a perspetiva é de consolidação e crescimento. O objetivo é tornar o projeto mais forte e estável, assim como melhorar as instalações e,  consequentemente, aumentar as condições para receber mais pessoas. A inclusão social continua a ser o mote para o progresso do clube. 

“Queremos continuar a incentivar todos a serem melhores pessoas e a respeitar o outro”.

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